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Como escolher um brinquedo sem influência da publicidade infantil

A publicidade infantil é um tema que gera intensas discussões no mundo inteiro. Em setembro deste ano o Youtube foi multado em 170 milhões de dólares, pelo órgão regulador comercial dos EUA, o que levou a plataforma a mudar suas regras de publicidade – deixando de usar dados para segmentar anúncios em vídeos direcionados à crianças, mesmo que os espectadores sejam adultos.

No Brasil, o Instituto Alana criou o projeto “Criança e Consumo“, que tem como objetivo divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade (de produtos e serviços) dirigida aos pequenos, bem como apontar meios de minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dessa comunicação mercadológica.

A iniciativa divulgou uma pesquisa recentemente monstrando que, durante o mês das crianças, a publicidade aumentou 331% nos principais canais infantis de TV por assinatura – em relação à média dos nove meses anteriores. O relatório ainda ressalta que:

“Considerando as pesquisas que indicam que crianças de 4 a 11 anos passam, em média, 4 horas por dia assistindo TV paga e os dados compilados em nosso monitoramento, estamos falando de crianças sendo expostas a uma média de 120 anúncios por dia em um canal infantil. Temos, então, um público vulnerável com altíssimo poder de influência nas compras da família sendo bombardeado a todo momento.”

Outra organização que fiscaliza e propõe boas práticas para esta questão no Brasil é o Infância Livre de Consumismo, “movimento social de mães, pais e cidadãos inconformados com a publicidade dirigida às nossas crianças”, que nasceu em 2012 e conta com mais de 273 mil apoiadores no Facebook. Estes grupos também defendem que a responsabilidade de proteger a infância seja de toda a sociedade, não apenas das famílias.

Também em 2012 foi divulgada a pesquisa inédita “Geração Interativas Brasil – Crianças e Jovens diante das Telas”, feita pela Fundação Telefônica com mais de 18 mil respondentes, entre crianças e jovens com idades entre 6 e 18 anos, do ensino público e particular nas cinco regiões do país, tanto da zona urbana quanto rural.

O resultado apontou a televisão como tela predominante nas residências dos brasileiros, com índice de penetração domiciliar de 94,5%. Dados mostraram também que 26,8% das crianças possuem três ou mais televisões em casa e 45,1% delas dizem assistir sozinhas.

Caminhando de mãos dadas com estes movimentos está a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), que promove a campanha “Somos Todos Responsáveis“, com a proposta de enriquecer o debate sobre a influência da publicidade infantil na formação das crianças. A entidade reuniu depoimentos de famílias de mais de 50 países, que relatam a interferência da publicidade na infância e os limites impostos por cada localidade.

Foi com a soma destas forças que, em 2016, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) proibiu a propaganda direcionada para crianças no Brasil. A decisão foi baseada em um caso da indústria alimentícia, por associar seus produtos a personsagens ou brinquedos infantis e, por consequência, promover o aumento no índice de obesidade infantil. 

A publicidade exerce influencia direta no nas crianças, formando desde muito cedo os hábitos de consumo. O propósito dos estímulos publicitários, além de vender, é começar a fidelizar os consumidores do futuro. Porém, muitos adultos não têm essa consciência e cedem aos desejos dos pequenos, influenciados pela publicidade infantil.

O resultado é a aquisição de brinquedos que não contribuem para a formação e o desenvolvimento das crianças. Mas a questão que permanece é: como fugir desta influência? Destacamos 5 dicas para famílias e professores escolherem brinquedos que tenham um propósito. Confira!

5 dicas para escolher brinquedos sem influência da publicidade infantil

1) Faixa etária – Existem situações em que a publicidade infantil anuncia os brinquedos sem levar em conta a faixa etária da criança, mas essa é uma preocupação que os pais e professores devem ter. A única regulamentação que existe relacionada a faixa etária diz respeito a aspectos de segurança (Inmetro) e não de conteúdo. É preciso levar em consideração o que está por trás do brinquedo. Um exemplo são alguns personagens super-heróis, que têm brinquedos voltados ao público infantil, mas suas origens possuem um forte apelo à violência e sexualidade. Isso não significa que seu filho será violento se brincar com tal super-herói, mas estará sendo exposto, indiretamente e precocemente, a tudo o que o personagem representa.

2) Propósito – No post sobre brincadeira livre e com intencionalidade, apresentamos algumas ferramentas e os seus propósitos. Independente da influência da publicidade infantil, é importante escolher os brinquedos de acordo com o seu propósito, que pode ser o desenvolvimento do raciocínio lógico, da criatividade ou da imaginação, dentre muitos outros. Procure se informar junto aos fabricantes sobre quais aspectos foram levados em consideração durante a criação dos brinquedo que deseja adquirir.

3) Coletividade – Intercale brinquedos de uso individual com brinquedos que incentivem a participação de outras crianças e também da família. Isso exigirá seu empenho e dedicação, porém, trará benefícios incalculáveis para o relacionamento com seus filhos. Além de estreitar os vínculos afetivos e emocionais, você construirá uma relação de confiança e respeito e acompanhará de perto o desenvolvimento dos pequenos.

4) Tecnologia – Prepare-se para os desafios da educação na Era Digital. Além de brinquedos que proporcionam momentos de recreação ao ar livre, disponibilize para as crianças, também games ou produtos de última tecnologia. Eles são importantes para o desenvolvimento cognitivo, como é o caso da mesa digital PlayTable. Este é um exemplo de tecnologia desenvolvida por especialistas em educação, que promove o desenvolvimento de acordo com as necessidades das crianças. Mesmo assim, os adultos devem fazer a mediação para que o uso da tecnologia seja equilibrado com outras interações.

5) Diversidade – A publicidade infantil, de maneira geral, se utiliza de recursos como a segmentação de mercado para posicionar seus produtos. Proporcione para as crianças brinquedos com variações de cores, materiais e brincadeiras. Busque opções alternativas, feitos de madeira, artesanais, entre outros. Crie brinquedos usando materiais recicláveis. Quanto maior for a variedade de brinquedos maior serão os benefícios para as crianças.

Agora que você já sabe os benefícios do brincar livre, o papel da brincadeira com intencionalidade e entendeu o impacto da publicidade infantil, vai avaliar melhor as alternativas na hora de escolher um brinquedo.

Se você ficou com alguma dúvida, quer dar alguma sugestão ou compartilihar suas experiências é só mandar um email para a gente no ludopedagogia@playmove.com.br 🙂

Crédito da Imagem: Shutterstock  

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