A área da saúde está em constante evolução e novas ferramentas tecnológicas estão cada vez mais presentes na rotina de hospitais e consultórios. E não é diferente com a área infantil, em que os jogos estão ganhando espaço em diferentes tipos de tratamento.
Mas, afinal, os games proporcionam de fato benefícios? Para falar a respeito nós conversamos com a fonoaudióloga Renata Jardini, especialista na área e criadora do Método das Boquinhas.
Confira a opinião da profissional:
Playmove – Qual o benefício dos games no desenvolvimento das crianças? E que tipo de game, efetivamente, auxilia no tratamento?
Renata: Os games trazem inúmeros benefícios. As crianças se motivam muito com a tecnologia, por conta da interatividade e do apelo visual, além dos sons. Isso mexe com o cérebro de uma maneira positiva, com estímulo multissensorial e maior poder de concentração. A parte frontal do cérebro acaba ficando mais ativa com esse tipo de recurso.
P – Qual a percepção que você tem em relação a aceitação do tratamento por parte das crianças com ou sem o uso dos jogos?
R: Existe um caráter lúdico e uma quebra daquela visão de que a criança está sendo avaliada. Além disso o jogo é desafiador, auto motivável, deixa o trabalho muito mais prazeroso, transforma a rotina do tratamento, traz leveza. Obviamente deve existir a mediação do adulto na condução dos games. Eles devem estar inseridos dentro do planejamento de atividades, ser um recurso a mais na rotina dos pacientes.
P – Quais os cuidados que o profissional deve ter ao preparar a abordagem e o tratamento em si usando os jogos?
R: É preciso estar claro que o jogo no tratamento é complementar, um instrumento entre o terapeuta e a criança, é uma ferramenta de trabalho que sempre precisará de um mediador. É ele quem definirá a quantidade, o tipo e o tempo que um jogo será utilizado. A dica é optar sempre por plataformas pensadas para esse tipo de situação. A PlayTable é um bom exemplo, porque são diversas opções que estimulam a aprendizagem, seja motora ou psíquica.
P – Há um aumento no número de crianças com dificuldade de alfabetização/distúrbios da leitura e escrita? Se sim, há algum motivo para isso?
R: Na realidade não há um aumento. O que acontece é que muitas das patologias passavam despercebidas antigamente. Hoje, com os recursos disponíveis, maior capacitação dos profissionais, o diagnóstico ficou muito mais fácil. Além disso, no caso do autismo, houve uma abrangência de diagnóstico, com diversos outros critérios, que antes não eram levados em consideração.
P – Muitas pessoas colocam a tecnologia como uma vilã no que diz respeito a educação e desenvolvimento das crianças. Como você avalia isso e como pode-se quebrar esse tabu?
R: Há ainda um receio no uso de novidades, seja na escola ou no consultório. Mas precisamos entender que as crianças já nascem em um cenário com diversos recursos digitais, muitas já utilizam tablets e outros equipamentos em casa. Achar que não é necessário atualizar a abordagem é um equívoco, porque acaba distanciando a atenção dos pequenos.
Sobre a entrevistada
Renata Jardini é fonoaudióloga, psicopedagoga e doutora em pediatria. Fundadora e coordenadora do Centro de Diagnóstico dos Distúrbios de Aprendizagem, é a criadora do Método das Boquinhas, certificado como Tecnologia Educacional pelo Ministério da Educação (MEC) em 2009, 2010 e 2011. Trata-se de um método fonovisuoarticulatório, e em sua proposta utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento é indicado para alfabetizar quaisquer crianças e mediar/reabilitar as dificuldades da leitura e escrita.Na PlayTable é possível conferir alguns dos jogos desenvolvidos a partir do Boquinhas.