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Dia Nacional do Livro: Entrevista com Jacqueline Schalm, narradora do Contador de Histórias

Hoje é o Dia Nacional do Livro, nossa janela para o mundo!

De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada em 2016, 30% da população nunca comprou um livro e 43% não lêem por falta de tempo. O IBGE mostra que o índice de analfabetismo está diminuindo no país (de 19,7% em 1991 para 7,2% em 2017), mas ainda temos um longo caminho a percorrer.

O bom é que, para Zoara Failla, cordenadora do estudo, nunca é tarde demais para criar o hábito da leitura: “As pessoas não têm interesse porque não foram apresentadas a livros que as seduzissem e despertassem seu gosto e vontade de querer mais. A troca de experiências e compartilhar o que aprendeu com o livro é algo mobilizador, e é uma das estratégias fundamentais para conquistar jovens leitores”, conta.

É neste contexto que destacamos trabalhos como a da contadora Jacqueline Schalm, 47, que narra os contos do aplicativo “Contador de Histórias”. Com quase 20 anos de experiência na educação infantil, também é arte-educadora e especialista em literatura infantil. Apaixonada por literatura e cultura oral, ela cresceu em uma família com origens em Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, com pais e avós muito falantes.

“Cresci ouvindo causos do nosso Brasil, contos clássicos e muitas histórias milenares”, relata a profissional, que seguiu sua carreira pesquisando a oralidade de diversos povos. Essa formação foi sendo aprimorada com a literatura escrita, que faz parte de sua vida desde que começou a ler. “Sou uma leitora voraz”, diz Jacqueline, que cursou o magistério antes de sua graduação em Artes Cênicas, quando experimentou projetos literários com crianças da Educação Infantil.

“Sei que sou melhor contadora de histórias que escritora, porém senti que deveria me aventurar por estas terras da imaginação também. Assim, pude aprimorar meu modo de contar, viver e expressar um texto narrativo”, explica. Em viagens a diversos países do mundo, como França, Egito, Israel e Peru, teve contato com outras línguas, contos e vivências.

“A cada viagem, amplio os recursos a serem utilizados nas contações de histórias. Tenho instrumentos musicais, roupas típicas, personagens em fantoches e dedoches (fantoches para dedos), artefatos e adereços nativos, artesanatos, livros, fotos, filmagens.” Em julho de 2012, Jacqueline esteve em Moçambique (África) por 18 dias, e como educadora teve a oportunidade de contar histórias às crianças da comunidade:

(Fotos: Oficina das Palavras)

Suas referências são os clássicos de Hans Christian Andersen (autor de histórias como “O Patinho Feio” e “A pequena sereia”), Carlo Collodi (criador de “Pinóquio”), Irmãos Grimm (autor de “Branca de Neve”, “Chapeuzinho Vermelho” e “Cinderela”), histórias bíblicas, entre outros.

“Gosto de ler e contar histórias de Ilan Brenman, Max Lucado,  Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos Queirós, Cecília Meireles e muitos outros que marcaram minha infância, adolescência e me encantam ainda hoje”. Quanto ao contar com expressão e fascinar o ouvinte, ela enumera como referências vivas Glória Kirinus, Paulo Debs, Jonas Neves, Regina Machado e Celso Cisto.

Literatura no aplicativo
 

A narração de histórias no aplicativo Contação de Histórias para PlayTable não foi sua primeira experiência em associar seu ofício às novas tecnologias.  Ela idealizou e apresentou um programa infantil (disponível nacionalmente em TV fechada e, em Santa Catarina, em TV aberta) que ficou ao ar por seis anos. Alguns dos vídeos estão disponíveis no seu canal do YouTube.

Para ela, a prática da mediação da leitura deve ser não só um meio durante o processo de aprendizagem ou um fim em si, mas também uma experiência lúdica que, aliada à tecnologia, pode ser aplicada em diversos ambientes. “Acredito que o aplicativo é uma ferramenta que pode aprimorar muito o processo de aprendizagem, tornando essa prática mais criativa, dinâmica e envolvente”, afirma.

Como contadora, o objetivo de Jacqueline foi, com boa dicção e voz agradável, despertar o desejo do ouvinte para permanecer até o desfecho da história. “Foi uma experiência única, em que pude expor emoções, experimentar e brincar com as palavras”, relatou. Jacqueline avalia que contar histórias desperta emoções e, se for feito de forma significativa, é uma atividade única e marcante, que tem um impacto positivo no aprendizado infantil. Ela referencia Lewis Carrol, autor de Alice no País das Maravilhas, para sintetizar sua opinião: Contar histórias é um ato de amor.

Para finalizar a comemoração nós queremos dividir uma fala do escritor Mario Vargas Llosa ao receber o Prêmio Nobel de Literatura: “um mundo sem literatura se transformaria num mundo sem desejos, sem ideais, sem desobediência, um mundo de autômatos privados daquilo que torna humano um ser humano: a capacidade de sair de si mesmo e de se transformar em outro, em outros, modelados pela argila dos nossos sonhos”.

Até a próxima!

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